20.12.09

A bolsa e o surf

Estava outro dia tentando entender as oscilações da bolsa nestes tempo de crise ou pós crise. Não sei bem se ela já passou, porque nem consegui visualizar o tamanho direito. Vivemos num tempo tão digital e globalizado, que a crise atingiu países como o Brasil de maneira virtual. Ah, é uma beleza! Estamos preparados para crise, nossa economia está fortalecida, mas por via das dúvidas, as ações vão cair, o desemprego e os preços vão aumentar. Só para os outros países não acharem que estamos esnobando e também ficarmos bem alinhados com as tendências mundiais.

Mas atentando à bolsa, me veio o pensamento súbito de que o melhor paralelo para este investimento é o surf. Sou um investidor pífio e um surfista prego, mas as semelhanças são inegáveis se observadas a fundo.


Para começar a surfar, você precisa se preparar, saber os movimentos antes de entrar com a prancha na água e principalmente conhecer, mas conhecer mesmo, o lugar onde está entrando, senão pode se machucar ou machucar outra pessoa pra valer. Isto tudo, tendo como pressuposto que você já sabe nadar, ou seja, que já tem uma boa relação com o meio ambiente onde está se metendo.
Se resolve, ao invés disso, entrar numa quadra para jogar futebol, basquete, vôlei, sem saber muito bem o que está fazendo e fizer umas presepadas, o máximo que vai acontecer, é passar uns vexames e tomar uns xingos de seu time. Mas não vai comprometer a saúde, nem matar ninguém.

O mercado de aplicações é exatamente assim. Nunca vi alguém acabar com sua vida e perder todo seu dinheiro, aplicando na poupança. A poupança é o futebol para o brasileiro, todo mundo se sente a vontade lá e sabe o que está acontecendo. E digo mais, é o futebol sem a regra de impedimento.
Também nunca vi alguém contar que foi a falência, porque comprou tudo em diamantes ou ouro e eles perderam o valor.
E ainda, deve ser bem raro ouvir a seguinte frase: “Poxa, sabe aquele dinheiro da família que eu apliquei tudinho em imóveis? Pois é, desapareceu. De um dia para outro.” Está frase só pode ser falada por alguém que investiu em pousadas no litoral, no exato lugar onde aconteceu um tsunami.

Na bolsa e no surf, não há espaços para vacilos e trapalhadas, normalmente elas são bem caras e tem conseqüências sérias.

Um bom investidor sabe olhar para um gráfico de oscilação e entender o comportamento das ações, o momento certo de comprar e vender. Um bom surfista consegue olhar o tamanho e a seqüência para saber onde virá a próxima onda boa. Um bom investidor acompanha o movimento de negociações, demandas, fusões pelo mundo para saber o que vai subir. Um bom surfista acompanha as previsões do tempo, tempestades, deslocamento de massas para viajar em busca de ondas gigantes.

Eu queria surfar pra valer e viajar o mundo em busca de ondas. Também queria ter um amigo que estudasse o mercado financeiro para me dar dicas. Talvez a segunda ajudasse a primeira a acontecer.

Apenas mais um paralelo curioso. Dias de chuva são ruins para o surf. Acredite ou não, no último ano, na maioria de dias cinzentos e chuvosos a BOVESPA caiu. Vai entender.

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