3.12.09

Amadou Diallo

Hoje, navegando pela internet, eu descobri que Amadou Bailo Diallo nasceu no mesmo ano que eu, apenas com alguns dias de diferença. Ou seja, deveríamos ter a mesma idade. Amadou foi morto há aproximadamente 10 anos, em 1999, durante uma abordagem feita por 4 policiais em Nova Iorque. O caso não ficou muito conhecido aqui no Brasil, e talvez não tenha repercutido muito pelo mundo, mas pelo que sei, nos EUA, ele foi uma daquelas notícias engasgadas, as quais ninguém consegue ou quer falar muito sobre. Aquelas, que embora precisem ser expostas, fazem a gente sofrer muito como homo sapiens.

Amadou assim como eu, nasceu na década de 70 em um país no hemisfério sul. Naquela época, nossos países eram chamados de 3º mundo ou subdesenvolvidos. Ele nasceu na África, passou algum tempo na Ásia e depois mais velho foi para os EUA, que antigamente era chamado de desenvolvido ou 1º mundo. Embora qualquer professor de geografia do primário explicasse que 1º, 2º e 3º mundo não eram posições de rankings, como bom competidor, eu sempre achei mais legal ser 1º do que 3º. Amadou devia achar algo parecido para tentar a vida nos EUA.

Ele foi morto com 41 tiros dados por 4 policiais, que alegaram legítima defesa, pois quando Amadou moveu sua mão para trás, acreditavam que ele ia pegar uma arma. Ele na verdade ia pegar sua carteira para mostrar os documentos.
Muito foi falado sobre preconceito na época, por Amadou ser negro e sem grandes posses financeiras.

Mas sem querer julgar ninguém, quando penso neste fato, de tempos em tempos, sempre me bate uma escassez de esperança sem tamanho. Independente de cor, fronteiras, religião, hemisférios, classes sociais, fico preocupado pela nossa espécie. Além da tristeza pelo fato em si, ele demonstra para mim, a falta de confiança total que o ser humano tem na humanidade. Não somos capazes de confiar em alguém a nossa imagem e semelhança, que apenas estica a mão em uma direção desconhecida. É humano esperar sempre o pior do ser humano (não sei se isto é uma afirmação ou uma pergunta).

É claro que nossa espécie é capaz de coisas geniais e sensíveis, sabemos disso. Mas em nossa própria sociedade, não permitimos que um ato de bondade seja trocado por um crime, julgamos os inconstantes e perigosos ao isolamento, buscamos sempre separar o joio do trigo. Queria por um instante ser capaz de nos ver pelos olhos de uma outra espécie.

Conheci o acontecido por uma música de um cara que sempre me faz acreditar um pouco mais nas pessoas. Engraçado.


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